quinta-feira, 12 de maio de 2011

A regulamentação da profissão será uma pá de cal no setor de TI

Quantas vezes já não ouvimos a expressão “em time que está ganhando não se mexe”? E, ainda mais em time que está em vasta expansão, como o mercado brasileiro de tecnologia da informação.



O Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 607/2007, que visa regulamentar a profissão de analista de sistemas, gerando a obrigatoriedade do diploma para exercer as funções no setor, nada contra a corrente de uma necessidade que a área de TI possui de cativar novos profissionais entrantes para o segmento.
Atualmente o setor vive um completo paradoxo: enquanto os grandes debates apontam um futuro crescente e brilhante, ao mesmo tempo clama por profissionais, que chega a um déficit representado por dezenas de milhares de posições de trabalho em aberto. Ou seja, enquanto deveria se criar incentivos para solucionar esse problema de mão-de-obra, garantindo a continuidade da expansão do mercado, esse projeto de Lei, se aprovado, pode vir a desacelerar o crescimento, proporcionando uma série de exigências que travariam o funcionamento do setor.
Ao olharmos para trás, e considerarmos os fatores que pregam a PLS 607/07 como válidos, grandes empresas não teriam sido concebidas, ou então, ao menos, teriam tido o sucesso de certa forma atrasado, como as clássicas e históricas criações do Facebook e da Microsoft, essa desenvolvida por Bill Gates quanto tinha apenas 19 anos, e nenhum diploma universitário.
Em tempos que tratamos de gerações de profissionais que se caracterizam pelo dinamismo e versatilidade, a regulamentação do exercício de analista de sistemas viria para engessar e criar amarras. Enquadrando as empresas em leis arcaicas, inflexíveis, que venham a desestimular e gerar atritos entre empresas e sindicatos.
Já o profissional que acredita que essa mudança virá para o bem, encontrará um excessivo enrijecimento e uma burocratização excessiva para exercer a atividade, causando a restrição da demanda, acarretando na redução do mercado e da mão-de-obra.
Em resumo, os próximos anos do setor de TI prometem algo importante: ou realizaremos todas as previsões otimistas, consolidando-nos como uma das principais vertentes da economia do país, ou seremos condenados a ser uma eterna promessa, cujo fracasso se deu por uma precipitada e obsoleta decisão legislativa.
*Roberto Carlos Mayer é diretor da MBI, vice-presidente de Relações Públicas da Assespro Nacional e representante do Brasil junto à ALETI (Federação Ibero-Americana das Entidades de TI). 

Fonte: ItWeb